sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nenhuma palavra

E eu caminhei nessa mesma estrada escura por diversas vezes perseguida por nós mesmos. Cacei o canto memorável onde esqueci minha lanterna aquela tarde... Aquela tarde... Com o vento balançando levemente seus cabelos, olhos apertados e realçados pela beleza que o rondava, a beleza exaltada, a beleza exata acalentada e escondida em um coração tão puro quanto a água que me lava. Um coração vazio.
Suas poucas palavras me tocavam como a leve sinfonia de uma canção, nota por nota, cada batida acompanhada e absorvida com a tensão de como se fosse nossa última despedida; o último tocar em suas mãos, o último abraço apertado... Voltei a ser a criança em seus braços. Nenhuma palavra... São simplesmente palavras que não adquirem significado algum se as ações não fizerem jus a elas.
"Apenas deixe sua lanterna aí, não necessitaremos dela, a noite cairá sobre nós...é tudo o que preciso".
E eu caminhei pela estrada banhada por nós mesmos em silêncio. O silêncio agudo de um gesto, o silêncio corrosivo do som do silêncio. Busquei a mesma cena, enquanto estava a procura da lanterna, tentei lembrar dos nossos sorrisos, do sol se pondo na direção oposta, da sua mão em minha face... Sua boca em meu ombro, procurei o nosso silêncio.
Senti medo... O medo de não conseguir mais sentir o mesmo daquela tarde, medo de esquecer suas expressões faciais que gosto tanto, sua voz... Medo de te esquecer, mesmo sendo necessário. Medo de encontrar o silêncio sozinha.
Como o veludo da manta de areia que cobre o chão onde, agora, afundo meus pés. Olhar para os outros e ver a si mesmo, há um pouco de nós em cada um deles. Sem volta, os erros são o que nos mantém seguindo e o sofrimento nos faz ver que ainda estamos vivos.
Como o tocar na solidão do vazio. Achei a lanterna e com os olhos tremidos, a liguei e segui.

sábado, 15 de agosto de 2009

Estou me retirando...



Foram longos anos curtos. Foram poucos meses longos. É a minha história que ficará registrada e confinada em seu pensamento, são minhas palavras que o tocarão quando eu partir. Porque não as utilizo em vão e se assim o fizesse, talvez fosse mais feliz.
.
A esperança é renovada quando uma mudança esta por vir. "Você pode ser o que quiser, em qualquer lugar"- mas a navalha é fincada na ferida quando dou por mim e percebo que quero estar relamente aqui, minha felicidade não pode se materializar em qualquer outro lugar, minha felicidade não pode se mudar.
.
A esperança é combatida quando não queremos que coisa alguma se modifique. Meu sorriso está espalhado pelas calçadas a ermo, quero esperá-lo em casa. Dói demais não conseguir arrancar essa dor do meu peito, cada pedacinho da minha alma ficará em algum espaço desse tempo.
.
Porque o extremo é fácil, dose para mim... Isso é perverso. Sentindo meu ego na garganta eu durmo gritando por esperança, choro pedindo à esperança que me dê mais um tempo com ela. Tempo... Porque tenho nada, tenho tudo... Porque tudo o que tenho parece não querer estar realmente aqui.
.
Estou me retirando sozinha de mim mesma. Cansei de ter que trilhar uma estrada longa a cada passo meu, porque enxergo uma distância muito extrema entre o que é dito e o que é sentido. Porque ser verdadeira não é o mesmo que ser transparente e o ser humano precisa aprender a lidar com isso.
.
E relato sim, sem medo e vergonha, o quanto minha familia é importante para mim, o quanto eu estar bem é importante para minha minha família, e o quanto eles choram por me ver chorar. Digo aos lençóis da minha cama que parem de me abraçar, é úmido e gelado estar na companhia deles.
.
Quero que essa insanidade deixe de ser permanente na cabeça doentia de quem não sente, na mente doentia de quem procura o que sempre permaneceu ao seu lado. O mundo está sendo destruído por nossos próprios corações, trancafiados e escondidos em razões sem razão alguma.
.
Cansei de escrever e relatar coisas que talvez não façam sentido algum para ninguém, cansei de tentar mudar o que está além da minha capacidade para tal, cansei de tentar. E estou me retirando sozinha... De mim mesma. A vida talvez siga rumos inseguros para que no final, encontremos a segurança necessária.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Outono incolor


Deixar as folhas das árvores caírem ao chão e ouvir sua leve sinfonia, sentir a nostalgia de mais um dia de outono indo embora junto com as lembranças que o fizeram. Preto azul, preto amarelo- antes de clarear o dia é necessário escurecer as
ventanias que tocam sua pele. Precisa-se de ponto, ele é o começo.
.
Branco...da página a ser escrita, da areia fina, do lenço que á meia noite de trinta e um de dezembro voou e pairou nas águas observadas por um coração triste, por um olhar alegre, águas tocadas pelo suor desesperado de uma mão fria tentanto esquecer a angústia inquietante das luzes sendo acendidas no céu. Branco dos olhos que procuram cor para dentro deles enquanto observam as parades da sala de espera. Na sala de espera, a criança que acabou de nascer, a mãe que acabara de falecer, um coração se quebrando, os membros que não podem responder a comando algum, o sangue jorrando; no branco das paredes da sala de espera...a espera.
.
Preto...da capa que carrega uma rosa vermelha para dentro da terra, das unhas que arranham a porta trancada da sala, da cor dos cabelos que trouxeram segurança, e levaram as noites de sono. Preto da noite, a parte mágica do dia em que tudo é mais difícil de ser notado, mas que acende as estrelas com intuito de ser observada. Preto mágica, preto preto.
.
Incolor...o invisível mais visível. A água que mata, a água que faz renascer, o vento que destroi, o vento que constroi as esperanças destruídas por ele mesmo. O ar...pois estou respirando um ar que não é meu. Estou respirando um ar que também não é seu, não mais. Poderia falar das cores que dão vida e das que remetem á morte, mas são as mesmas.Poderia aqui falar das cores do meu arco íris, meu arco íris que aparece nas noites e não nos dias e é quando mais tenho esperança, é quando mais me sinto segura...é quando os pensamentos me fogem e é quando essa esperança também me foge, mas continuo me sentindo segura.
.
Deixar cair as últimas folhas do outono, o tempo esta voando...acelerando seus passos. Passarei por essas folhas e não abaixarei para tocá-las, andarei tentando desviar delas, mas não dobrarei meus joelhos diante do outono que passou. Azul preto, amarelo preto.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Minha descoberta de todos os dias

O texto a seguir não é inédito, o fiz a alguns meses...mas ele carrega um significado muito importante para mim, sendo assim, resolvi postá-lo.



Essa noite, durante a viagem de volta para o Rio, pensei...como nunca havia pensado antes, não que das outras vezes meus pensamentos não tenham me valido de alguma coisa, não que antes, eles não tivessem importância;ao contrário! O que guardo em minha mente hoje, se faz valer justamente pelo fato da mudança, talvez mudança não seja a palavra correta,mas pela reconstituição. A diferença é que hoje, analiso tudo sob uma perspectiva diferente, uma perspectiva muda, muda e cega. O que ocorre é...quando nos abrimos ás pessoas, quando damos a elas a oportunidade de ouví-las e analisar o que as mesmas fazem, passamos a pensar e agir como tais, se não taparmos nossos ouvidos e usarmos vendas para proteger-nos delas, não seremos mais nós. A convivência humana nos atribui muitas coisas, nos revitaliza, nos ensina...olhar e ouvir é necessário.Parace contraditória esta minha colocação visto que, acima,disse algo controverso a essa idéia, porém, não olhe, veja...analise sob a minha perspectiva,venha....Tudo o que lhe é dito deve passar por um processo, devemos selecionar o que se enquadra a nossa maneira de viver e descartar o que não nos é útil. Porém, não é o que acontece na maiorias dos casos;algumas pessoas se acham no direito de ditar regras e condenar quem não as segue,criticar as atitudes que ao seu modo,não convém...Cresça! Eles falam...mas não percebem que quem necessita de ensinamentos e lições são eles, quem precisa parar e analisar são essas pessoas que não vêem sob a perspectiva diferente...outra realidade, distinta, porém necessária a todos que buscam aprimorar o conhecimento humano, da alma e da mente. Não somos antropófagos,não queremos devorar uns aos outros...já tem gente demais nesse país que assim o faz, há violência de mais para que nosso corpo e espírito se entregue a essa fatalidade. Tudo o que peço, analise sob uma perspectiva diferente sempre que se encontrar em uma situação que necessite de tal, entregue-se a essa diferença e faça a diferença! Cresça no seu tempo, cada um tem o seu, mas nunca perca sua essência, a inocência que cada um tem, escondido em algum lugar dentro do peito. Hoje em dia, não julgo a ninguém,não tento mais me encontrar em nenhum lugar, sei quem sou e me orgulho disso, com todos os defeitos que alguém pode possuir com todas as feridas que a vida e as pessoas me proporcionaram, porém reconheço e sei, que muito já fiz a elas e muitas lágrimas já foram demarradas pelas mesmas no chão em que agora piso, mas sei quem sou..e não me canso de repetir e encantar-me com essa descoberta.Toda vez que tentamos ser quem queremos ou quem os outros querem que sejamos,esquecemos de quem na verdade somos.-Minha descoberta de todos os dias!!!!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Roupas rasgadas, com o tempo,acabarão


Ela caminhou e deitou novamente...a maneira com que desfilava por entre as frestas da janela não deixava nenhuma dúvida em quem passava.
Pegou em um de seus cachos vermelhos e observando a luz contínua que saía por detrás do espelho,dormiu. Dormiu por um tempo que ela nem ousou calcular.
Ouvindo o som dos passáros que já haviam ido embora fazia tempo, o tic tac do relógio que permanecia parado, e as batidas de seu
coração, impregnadas e focadas em alguma coisa sem sentido, mas muitas coisas sem sentido, no final...fazem sentido.
Ela acordou, sem querer acordar, tentou dormir novamente...mas não havia mais lugar para tal, não havia mais lugar para sonhos naquele quarto.
Enquanto a fitavam do lado de fora, ela fugia de todos os espelhos que ali a circundavam. Trezentos e sesssenta graus de si mesma, trezentos
e sessenta graus de convivencia diária, semanal, mensal...consigo mesma, trezentos e sessenta graus do seu olhar que não permetia mais se fixar em nada.
Ela começou a ouvir murmúrios, susurros...e com o tempo, isso foi ficando mais claro e ela já podia entender o que falavam.

-Quem se enclausura, não deixa de sonhar...faz do seu sonho a realidade e não percebe que as portas vão se fechando ao seu redor. Toda vez que seus
olhos descansam, o mundo é esquecido e vendado por eles.
-Olhe para dentro...para aprendermos a nos conhecer por dentro devemos olhar nossa imagem no espelho.Devemos perder a noção do tempo,
mas tendo a noção de que isso, está sendo feito...não durma lindo anjo de cabelos vermelhos, seu sono ingrato não lhe tirará do seu quarto escuro,
só você tem a chave,as pessoas lhe observam enquanto você tenta fugir delas, tudo está a espreita...tudo acaba nos espreitando, no final.
Ela perguntou:
- Mas há um final?Quando sabemos que o final chegou?
A voz lhe respondeu:
-Você saberá... eu não quero ter que dizer,as palavras queimam meus lábios. Prefiro te olhar e deixar que voce descubra a ter que falar com
as sombras do passado, a ter que falar com seu passado.
A voz preferia olhar ...nossos olhos são mais sábios, eles não pensam.
Quanto mais as frestas das janelas eram abertas, mais as pessoas paravam de espreitá-la...
Seus cachos foram adquirindo sua cor natural, loiros como o sol que agora, ela permitia entrar, mesmo que esporadicamente...
Ela já não sangrava mais em todo lugar. Seus trapos foram sendo retirados, aos poucos, dia após dia.

A voz dentro dela. Melhor ficar nua...do que usar uma roupa rasgada. Com o tempo, peça a peça será conquistada.

O sorriso necessita de tempo, do nosso tempo...sem ele.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A raiz dos meus pensamentos

A vida tira o que ela mesma dá. E a gente destrói o que se leva tanto tempo para nós mesmos construirmos. Quantos anos ainda precisaremos desperdiçar para aprendermos a dar valor ao que realmente importa? Quantos anos terão que passar por nós para sabermos pelo que devemos sofrer, pra quem devemos dar valor?Quantos anos os anos terão que esperar por nós? Quantos anos eles terão que passar sem que a gente preste atenção neles?!


Preciso viver. Preciso errar... As vezes o frio na barriga faz falta. Por inúmeras vezes a gente sente necessidade de chorar e se não tivermos um motivo plausível pra isso choraremos pelo que?! Afinal, as lágrimas que derramamos tiveram que ouvir e sentir muitos dos nossos sorrisos, tantos sorrisos. Que minhas lágrimas caiam e caiam cada vez mais, me orgulho muito delas, me orgulho muito do lugar de onde elas estão saindo, me orgulho muito do coração que carrego no peito, apesar de querer arrancá-lo e escondê-lo por diversas vezes. Mas se as lágrimas virão, quero que um sorriso, uma gargalhada, compense um litro delas, quero que um olhar, em minha direção, seja o motivo delas, assim, terão valido a pena.


A pior mentira é a contada por nós para nós mesmos. A pior dor é aquela que causamos em nosso peito. O pior erro é o que cometemos sozinhos... Sem ninguém para dividirmos a culpa depois. Ás vezes queremos uma pessoa menos digna ao nosso lado para que a nossa consciência durma em paz caso façamos algo de errado. Afinal, nesse caso, a culpa não será só sua né?! E quando a esmola é grande, o santo realmente desconfia. Mas vivemos de esmola por tantos períodos e reclamamos dela ser pouca (é esmola,ok?!) e quando lhe é dado, lhe é posto algo realmente além das suas expectativas, você foge por ter medo de decepcioná-lo, você vê como tal: inatingível,inacansálvel, impossível de ter em suas mãos sem quebrá-lo. Deixa ir embora e não percebe que nesse exato momento você o quebrou. Dois corações X uma cabeça (para refletir...).

Estou indo para casa agora, minhas paredes me confortam, mesmo que lá seja mais frio, mesmo que debaixo das cobertas esteja congelando, é tudo assim... Incoerente. Quem disse que a vida exige alguma coerência? Quem disse que ela, mesmo exigindo, é coerente? As pessoas destróem todas as coerências que a vida tenta ter. As pessoas tem a audácia de reclamar do que elas mesmas cavaram para si.

Já cavei um buraco muito fundo para mim mesma, estive nele por um período mais que longo e mais que sombrio. A escuridão é mais fácil e por inúmeras vezes melhor,assim a gente não enxerga o que está a nossa volta. Acabei de encontro a ela por medo.
Assim a gente usa o argumento de que não consegue ver, mas na verdade não queremos ver nada além das nossas limitações. Mas descobri nesse buraco raízes, que estavam ali debaixo dos meus pés o tempo todo, pisava nelas e não conseguia sentir. Descobri a existência de raízes dentro da cova. Irônico não?! Pra que dar flores aos mortos se ali já possui algo muito mais precioso, a essência delas... As raízes?!

Onde tudo começou. Abri os olhos e vi que o buraco não era tão fundo. Comecei a amar flores e a odiá-las também. Flores... Sinal de recomeço, flores... Sinal de morte.
Fico com a raiz delas e jogo o resto fora, as pétalas murcharão, de qualquer forma.

Se tudo passa, eu não deixo que o importante passe... Enquanto continuar sendo importante
.

Meu anjo de asas douradas

Meu anjo de asas douradas...
não contamine seus lábios com palavras feridas
não banhe com lágrimas o altar da sua graça
Meu anjo de asas douradas...
que quando súdito não permitiu minha partida
enxugou toda aquela lama já vivida e lavou a
face para limpar minha saliva


Anjo...
que deixou de ser anjo para consentir
meu pecado e participar dele
não se culpe pelo prazer deliciado e
orgulho ferido, me abrace...você será meu
abrigo,mesmo que estagnado e em sigilo
Meu anjo quando voou levou consigo asas
negras, como a de corvos que rodeiam o lobo
fingido

Deixou sua lança pronta, porém sem ponta
Anjo,voe para longe e leve minha alma
como garantia
Eu quero estar ao seu lado,mesmo que não
esteja viva,que apenas a minha alma possa
cantar em seu ouvido...que apenas a minha
alma,possa estar contigo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A ponte

O futuro a Deus pertence. Dói muito falar isso e as vezes sentir raiva de Deus, dói muito tentar entendê-lo. Odeio pensar a longo prazo, falo isso porque durante toda a minha vida eu fiz assim, sempre pensando no futuro e agindo de maneira "correta" para que ele fosse o mais "correto" possível, deixando, as vezes, de ser feliz para que minha família sentisse orgulho de mim, para que meus amigos pudessem me ver como uma uma pessoa digna da amizade deles, para que as pessoas pudessem reconhecer em mim o caráter que sempre quis que todos vissem. Simplesmente queria ser reconhecida por todas as coisas boas que fiz, por todos que um dia precisaram e eu estava alí, sem discriminações, eu estava alí. Só não estava alí para mim mesma. Me despi de toda a proteção que havia em mim e por diversas vezes quis fazer uso dela e não consegui mais, por diversas vezes errei mais por ver que estava sozinha, sem nada nem ninguém que pudesse me socorrer, do que pelo erro propriamente dito.
Só acertei quando vi que essa proteção não me fazia falta alguma, que as dores que ela impediu que me causassem fez com que eu me machucasse mais ainda depois.
Tudo é uma ponte, absolutamente tudo, desde os nossos primeiros passos até o último suspiro, de amor, de dor ou de vida. Tudo o que passamos nos traz algum ensinamento valioso que precisaremos mais tarde. Todas as pessoas que conhecemos de verdade traz algum propósito para a nossa vida. As vezes nao imaginamos a força que o destino e "essas pessoas" têm. E é estranho que essas mesmas pessoas possam tirar isso da gente, é extremamente estranho que a a gente deixe isso ser tirado de nós e é curioso que essas pessoas não saibam o bem e o mau que fizeram, que elas não saibam que serviram de ponte para situações inimagináveis. É o tipo de ponte que não cai, não fraqueja;é o tipo de ponte que, por segurança, seria melhor que não houvesse; é o tipo de ponte que, caso não existisse, seria ainda pior. É simplesmente o tipo de ponte que há e não atribui proteção alguma, o tipo de ponte que tira toda a nossa proteção, e que, em algum momento da sua vida, essa proteção necessitará que você a descarte. É o destino... Que não vê raça, sexo, beleza, o destino, que não consegue ver todos os impecilhos que insistimos em colocar- em tudo o tempo todo. As pontes fazem com que possamos abrir os olhos para felicidade, afinal, a vida se utiliza da crueldade para punir quem tem medo de ser feliz. A ponte é o destino.
"Quando a vida lhe oferece algo muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim."
É irracional esperar alguma coisa de alguém.Apenas faça,sem querer nada em troca.

domingo, 10 de maio de 2009

Prólogo

Me arrastaram pelos braços sem nenhum cuidado e eu me senti fria e morta por dentro. O meu corpo já estava complemente sem vida.
Senti a leveza com que meus cabelos pareciam flutuar, a leveza com que parecia ser arrastada. O agressor não conseguia me machucar, não conseguia mais me tocar sem ter que chorar. Suas lágrimas me molharam, de novo e de novo... Outra vez, misturando-se com a chuva que em mim caía. Nele nada parecia cair, apenas a sombra. Mas essa caía sobre os dois.

As armas do meu coração


Essa vida seria trágica se não fosse cômica. Não sei quanto tempo me resta, não sei o que ela, a vida, me reserva.
Sei apenas que reservo muito para ela, ainda quero dar-lhe muita coisa de mim mesma. Estou me conhecendo e a cada dia que passa me conheço menos. Essa certeza infame sobre tudo o que me rodeia por diversas vezes tem me feito enjoar dos dias. Desses dias que passam lentamente rastejando por nós. A incerteza se faz necessária, é mais seguro e incrivelmente mais interessante não ter certeza. Pessoas chatas sem nada a nos acrescentar, diálogos chatos com pessoas que poderiam até acrescentar alguma coisa. Conversas monótonas comigo mesma e indagações sendo feitas constantemente em frente ao espelho. Isso definitivamente tem me feito parar e ver, não mais pensar. "Pensar é estar doente dos olhos". O fato é que ando vendo coisa de mais em tudo e vejo coisa de menos naquilo que poderia ser mais claro aos meus olhos. Coração de pedra, olhos de pedra cintilantes, olhos que apenas refletem,sem nada para ser visto dentro deles.
Juro que tento me importar menos com os outros e mais comigo mesma e seria hipocresia falar que isso por diversas e diversas vezes não é um fato consumado. Eu definitivamente me importo mais comigo, mas ainda acho que me importo demais com os outros... "Não se importe,Tayná". E agora, acho que estou deixando de olhar para mim, justo agora em que meu corpo clama tanto por uma trégua, justo agora em que meu coração chora todos os dias e insiste em declarar querer um pouco mais de atenção e cautela da minha parte. Definitivamente, não sei quanto tempo me resta, e quando digo isso não me refiro à morte do corpo, falo da morte da alma, a minha alma que levei tanto tempo para descobrir em cada fenda, a cada ferida. Sinto que terei que morrer para aprender a viver novamente. Sinto que ainda terei que cair muito para aprender a não me importar tanto com as pessoas, de uma forma geral, sinto que terei que ser menos humana e mais racional... Ainda mais racional. Nunca estive tão bem comigo mesma e nunca minha saúde esteve tão mal humorada. Há anos peço gentilmente que meu coração encontre alguma razão para bater mais forte, hoje espero, e tenho fé nisso, que meu coração encontre alguma razão para bater mais devagar...Peço que ele não pare de bater.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"O amor, quando se revela,não se sabe revelar"(F.P)


Cansei de pessoas injustas cobrando justiça. Cansei de viver num mundo de mentira, onde tudo é condenado e julgado por quem não sabe sentir, por quem seguiu uma tragetória retilínea durante todo o seu percurso. Cansei de tentar entender as pessoas, tento me entender através delas, é melhor.
As vezes passamos a impressão errada, as vezes não conseguem entender a impressão que tentamos passar e, hoje, acho que seria mais interessante não tentar passar impressão alguma. É tão difícil assim? Quem disse que sofrem mais aqueles que mais lágrimas derramam? Quem disse que o sofrimento de alguém pode ser comparado, pode ser medido? Quem possui o direito de dizer algo referente ao nosso coração? Certa vez lí:"(...)felicidade é ter memória fraca" e há uma das grandes verdades e que já ouví, alí. Talvez fosse melhor esquecer alqueles que nos fizeram sofrer, que não conseguiram nos decifrar, nos entender... Talvez fosse melhor esquecer todas as feriadas que nos causaram, talvez fosse melhor apagar todas as marcas das feridas que nós mesmos fincamos em nosso corpo e alma. Talvez fosse melhor que alí, não houvessem mais cicatrizes.
Fernando Pessoa disse:"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso-em suma, é a nós mesmos que amamos."
Sempre irão nos decepcionar. Pelo simples fato de que quando amamos depositamos toda a nossa esperança, todo o nosso desejo e sonho, nela. Nós materializamos tudo o que sempre quisemos que a pessoa ao nosso lado tivesse, todas as infinitas qualidades que procuramos, todas as incríveis expressões facias apaixonadas que esperamos receber. Nós mentalizamos tudo isso e acabamos por crer que essa pessoa possui todas essas perfeições sonhadas por nós humanos... Simples seres humanos a procura de algo que não existe... A procura de alguém que nunca irá existir. Ainda somos obrigados a ouvir:"seja vc mesmo"... Ser você mesmo em um mundo que lhe devora com conceitos pré determinados e jogos astuciosos de como ser vc. Seja você, dentro dos padrões. Não coma de mais, não coma de menos, não fale demais, fale tudo o que pensar. Nem tão gay nem tão machão, nem tão feminina mas também não seja relaxada(não foi assim que mamãe te ensinou,áiáiái). Seja você... Um ser pensante que não pensa, um ser pensante que se abate, que continua estagnado, sem falar e aceita todas as proposições impostas por todos que dizem que lhe amam. Seja você... Fale o que sente. Mas e se o meu eu não for isso? E se eu não falar sobre mim?Estarei entrando em colisão com alguma regra imposta pela sociedade, por vc????E se meu eu amar em silêncio?
Sinto muito ouvintes mas meu eu nunca iria escolher ter essa memória fraca... Vale a pena cair de dez penhascos mas lembrar de um gesto teu, vale muito mais a pena estar com o coração aos pedaços mas ter sentido uma vez o seu toque em meus cabelos, vale a pena sofrer por quem se ama, sofrer pelos seus ideais, sofer por vc mesmo. Vale a pena ser vc mesmo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Duelos no serpentenário: o início

A verdade é:não consigo mais escrever. Simplesmente o que mais amo na vida está se tornando cada vez mais escasso em minha mente: as palavras.
Palavras essas que nao medem tempo, consequências e ações, elas vêm à mente quando bem entendem e resolvem sumir justo quando necessito tanto delas. Por isso, resolví fazer disso uma inspiração, resolví brincar com elas e com o poder da minha mente de ordenar minhas vontades, de não ordenar essas palavras. Destilarei meu veneno pelo meu próprio corpo, a ponto de entorpecer minha mente e permitir que essas palavras saiam... Que elas consigam transmitir tudo o que sinto agora, toda essa angústia com uma pitada de emoção e glória, toda essa mistura que me faz ser uma pessoa assim, cada vez mais indecisa sobre tudo nesse mundo, cada vez com
mais dúvidas sobre todos. Mas antes sentir dúvida sobre quem somos- a verdadeira convivência com nós mesmos faz com que isso mude, do que duvidar dos outros, é um campo minado sem precedentes. A minha sensibilidade parece por vezes se confudir e não saber para que lado olhar; medo, ansiedade, insegurança... Um verdadeiro duelo! Duelo no serpentenário, heis aqui o título, o ínicio... Duelo esse que nossas autoridades praticam todo dia, duelo que nosso corpo e mente por diversas vezes tentam conciliar, duelo que existe, de forma branda ou não. Heis aqui
o título de um dos meus livros prediletos, com uma outra interpretação pois ele se trata de duelos entre autores de séculos passados acerca das escolas literárias e tudo mais. Mas heis aqui a minha interpretação para o duelo que há no mundo, para o duelo que há em mim. Bem vindos!