quinta-feira, 14 de maio de 2009

A ponte

O futuro a Deus pertence. Dói muito falar isso e as vezes sentir raiva de Deus, dói muito tentar entendê-lo. Odeio pensar a longo prazo, falo isso porque durante toda a minha vida eu fiz assim, sempre pensando no futuro e agindo de maneira "correta" para que ele fosse o mais "correto" possível, deixando, as vezes, de ser feliz para que minha família sentisse orgulho de mim, para que meus amigos pudessem me ver como uma uma pessoa digna da amizade deles, para que as pessoas pudessem reconhecer em mim o caráter que sempre quis que todos vissem. Simplesmente queria ser reconhecida por todas as coisas boas que fiz, por todos que um dia precisaram e eu estava alí, sem discriminações, eu estava alí. Só não estava alí para mim mesma. Me despi de toda a proteção que havia em mim e por diversas vezes quis fazer uso dela e não consegui mais, por diversas vezes errei mais por ver que estava sozinha, sem nada nem ninguém que pudesse me socorrer, do que pelo erro propriamente dito.
Só acertei quando vi que essa proteção não me fazia falta alguma, que as dores que ela impediu que me causassem fez com que eu me machucasse mais ainda depois.
Tudo é uma ponte, absolutamente tudo, desde os nossos primeiros passos até o último suspiro, de amor, de dor ou de vida. Tudo o que passamos nos traz algum ensinamento valioso que precisaremos mais tarde. Todas as pessoas que conhecemos de verdade traz algum propósito para a nossa vida. As vezes nao imaginamos a força que o destino e "essas pessoas" têm. E é estranho que essas mesmas pessoas possam tirar isso da gente, é extremamente estranho que a a gente deixe isso ser tirado de nós e é curioso que essas pessoas não saibam o bem e o mau que fizeram, que elas não saibam que serviram de ponte para situações inimagináveis. É o tipo de ponte que não cai, não fraqueja;é o tipo de ponte que, por segurança, seria melhor que não houvesse; é o tipo de ponte que, caso não existisse, seria ainda pior. É simplesmente o tipo de ponte que há e não atribui proteção alguma, o tipo de ponte que tira toda a nossa proteção, e que, em algum momento da sua vida, essa proteção necessitará que você a descarte. É o destino... Que não vê raça, sexo, beleza, o destino, que não consegue ver todos os impecilhos que insistimos em colocar- em tudo o tempo todo. As pontes fazem com que possamos abrir os olhos para felicidade, afinal, a vida se utiliza da crueldade para punir quem tem medo de ser feliz. A ponte é o destino.
"Quando a vida lhe oferece algo muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim."
É irracional esperar alguma coisa de alguém.Apenas faça,sem querer nada em troca.

domingo, 10 de maio de 2009

Prólogo

Me arrastaram pelos braços sem nenhum cuidado e eu me senti fria e morta por dentro. O meu corpo já estava complemente sem vida.
Senti a leveza com que meus cabelos pareciam flutuar, a leveza com que parecia ser arrastada. O agressor não conseguia me machucar, não conseguia mais me tocar sem ter que chorar. Suas lágrimas me molharam, de novo e de novo... Outra vez, misturando-se com a chuva que em mim caía. Nele nada parecia cair, apenas a sombra. Mas essa caía sobre os dois.

As armas do meu coração


Essa vida seria trágica se não fosse cômica. Não sei quanto tempo me resta, não sei o que ela, a vida, me reserva.
Sei apenas que reservo muito para ela, ainda quero dar-lhe muita coisa de mim mesma. Estou me conhecendo e a cada dia que passa me conheço menos. Essa certeza infame sobre tudo o que me rodeia por diversas vezes tem me feito enjoar dos dias. Desses dias que passam lentamente rastejando por nós. A incerteza se faz necessária, é mais seguro e incrivelmente mais interessante não ter certeza. Pessoas chatas sem nada a nos acrescentar, diálogos chatos com pessoas que poderiam até acrescentar alguma coisa. Conversas monótonas comigo mesma e indagações sendo feitas constantemente em frente ao espelho. Isso definitivamente tem me feito parar e ver, não mais pensar. "Pensar é estar doente dos olhos". O fato é que ando vendo coisa de mais em tudo e vejo coisa de menos naquilo que poderia ser mais claro aos meus olhos. Coração de pedra, olhos de pedra cintilantes, olhos que apenas refletem,sem nada para ser visto dentro deles.
Juro que tento me importar menos com os outros e mais comigo mesma e seria hipocresia falar que isso por diversas e diversas vezes não é um fato consumado. Eu definitivamente me importo mais comigo, mas ainda acho que me importo demais com os outros... "Não se importe,Tayná". E agora, acho que estou deixando de olhar para mim, justo agora em que meu corpo clama tanto por uma trégua, justo agora em que meu coração chora todos os dias e insiste em declarar querer um pouco mais de atenção e cautela da minha parte. Definitivamente, não sei quanto tempo me resta, e quando digo isso não me refiro à morte do corpo, falo da morte da alma, a minha alma que levei tanto tempo para descobrir em cada fenda, a cada ferida. Sinto que terei que morrer para aprender a viver novamente. Sinto que ainda terei que cair muito para aprender a não me importar tanto com as pessoas, de uma forma geral, sinto que terei que ser menos humana e mais racional... Ainda mais racional. Nunca estive tão bem comigo mesma e nunca minha saúde esteve tão mal humorada. Há anos peço gentilmente que meu coração encontre alguma razão para bater mais forte, hoje espero, e tenho fé nisso, que meu coração encontre alguma razão para bater mais devagar...Peço que ele não pare de bater.