Deixar as folhas das árvores caírem ao chão e ouvir sua leve sinfonia, sentir a nostalgia de mais um dia de outono indo embora junto com as lembranças que o fizeram. Preto azul, preto amarelo- antes de clarear o dia é necessário escurecer as
ventanias que tocam sua pele. Precisa-se de ponto, ele é o começo.
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Branco...da página a ser escrita, da areia fina, do lenço que á meia noite de trinta e um de dezembro voou e pairou nas águas observadas por um coração triste, por um olhar alegre, águas tocadas pelo suor desesperado de uma mão fria tentanto esquecer a angústia inquietante das luzes sendo acendidas no céu. Branco dos olhos que procuram cor para dentro deles enquanto observam as parades da sala de espera. Na sala de espera, a criança que acabou de nascer, a mãe que acabara de falecer, um coração se quebrando, os membros que não podem responder a comando algum, o sangue jorrando; no branco das paredes da sala de espera...a espera.
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Preto...da capa que carrega uma rosa vermelha para dentro da terra, das unhas que arranham a porta trancada da sala, da cor dos cabelos que trouxeram segurança, e levaram as noites de sono. Preto da noite, a parte mágica do dia em que tudo é mais difícil de ser notado, mas que acende as estrelas com intuito de ser observada. Preto mágica, preto preto.
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Incolor...o invisível mais visível. A água que mata, a água que faz renascer, o vento que destroi, o vento que constroi as esperanças destruídas por ele mesmo. O ar...pois estou respirando um ar que não é meu. Estou respirando um ar que também não é seu, não mais. Poderia falar das cores que dão vida e das que remetem á morte, mas são as mesmas.Poderia aqui falar das cores do meu arco íris, meu arco íris que aparece nas noites e não nos dias e é quando mais tenho esperança, é quando mais me sinto segura...é quando os pensamentos me fogem e é quando essa esperança também me foge, mas continuo me sentindo segura.
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Deixar cair as últimas folhas do outono, o tempo esta voando...acelerando seus passos. Passarei por essas folhas e não abaixarei para tocá-las, andarei tentando desviar delas, mas não dobrarei meus joelhos diante do outono que passou. Azul preto, amarelo preto.